Desenhar e pintar são trabalhos que exigem paciência, mas têm uma recompensa em tempo real: à medida que vamos trabalhando, o resultado vai aparecendo aos nossos olhos, até podermos contemplar o resultado final.
Mas nas Urbicaturas existe um trabalho intermédio que, sendo menos demorado que o desenho e a pintura, não dá essa recompensa imediata, e por isso elegemos como o mais aborrecido: o mapa de cores.
Quem conhece o nosso trabalho, pode notar que as cores se repetem nos diversos quadros. Isto porque todos usam a mesma paleta, que desde o início vem coleccionando todas as cores utilizadas, sendo já muito raro ser acrescentada.
É possível – e foi assim no início – decidir a cor de cada mancha do desenho no momento de a pintar. Mas cedo ficou clara a vantagem de separar as duas coisas: a escolha das cores e a pintura propriamente dita. Assim, as manchas começam por ser numeradas a partir da paleta e só são coloridas numa fase posterior.
Porque pior que ser chato, é um trabalho dar-nos dores de cabeça ao exigir-nos que permanentemente mudemos o foco da nossa atenção.
«Nada é particularmente difícil se dividires em pequenas tarefas.» – terá dito Henry Ford. O criador da linha de montagem materializou um processo racional de organização do trabalho que dá muito jeito… mesmo quando se trabalha sozinho!
Frederico Rogeiro